Livro: A Angústia do Guarda-Redes no Momento do Penalty
Autor: Peter Handke
Título original: Die Angst des Tormanns beim Elfmeter (1970)
Tradução para português: A Angústia do Guarda-Redes no Momento do Penalty (varia conforme a edição).
Gênero:
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Romance psicológico / Ficção existencialista
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Nova Subjetividade (movimento literário alemão pós-II Guerra).
Sinopse (sem spoilers):
A obra acompanha Joseph Bloch, um ex-guarda-redes (goleiro) desempregado que, após ser demitido de um trabalho banal, comete um assassinato aparentemente sem motivo. A narrativa mergulha na sua mente paranoica e fragmentada, explorando sua percepção distorcida da realidade enquanto ele vagueia por Viena, tentando escapar da polícia — ou talvez da própria consciência.
Temas principais:
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Alienação e vazio existencial no mundo moderno.
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A desconexão entre ação e significado (o crime parece tão arbitrário quanto um pênalti no futebol).
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A linguagem como barreira (Handke usa diálogos secos e descrições clínicas para reforçar a frieza de Bloch).
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O absurdo do cotidiano (influência do teatro do absurdo).
Estilo:
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Narrativa fragmentada, com frases curtas e repetitivas que refletem a mente perturbada do protagonista.
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Foco na subjetividade (o mundo é filtrado pela percepção desorientada de Bloch).
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Pouca ação explícita — a tensão vem da descrição minuciosa de gestos banais e da atmosfera opressiva.
Contexto literário:
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Handke é um dos grandes nomes da literatura de língua alemã do século XX, associado ao Grupo 47 e vencedor do Prêmio Nobel de Literatura (2019) (apesar das controvérsias políticas).
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Este livro é um marco da "Nova Subjetividade", movimento que rejeitou o realismo tradicional para explorar a consciência individual.
Curiosidade:
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Foi adaptado para o cinema em 1972 pelo diretor Wim Wenders (um clássico do cinema alemão).
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O título faz uma metáfora entre a angústia do goleiro (que deve decidir num pênalti sem tempo para racionalizar) e a condição humana diante de escolhas irracionais.
Ótimo para quem gosta de:
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Existencialismo (Kafka, Camus).
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Narrativas introspectivas (como O Estrangeiro).
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Autores que desafiam a linearidade (Beckett, Thomas Bernhard).