Nesta história extraordinária, Eisner leva o leitor numa viagem que tem início na Paris de finais do século XIX, onde um agente da polícia secreta russa plagia uma velha obra filosófica francesa, fabricando um documento com o qual se pretendia provar a existência de uma conspiração judaica contra a civilização cristã. Concebido como um esquema anti-semita para desviar as atenções do regime repressivo do czar, o texto dos Protocolos foi inicialmente publicado na Rússia em 1905. E o sucesso da falsificação superou em larga medida as ambições propagandísticas dos seus criadores.
Mais tarde, enquanto a I Guerra Mundial engolia a Rússia e a maior parte do mundo ocidental numa conflagração mortífera, a mentira tornou-se uma verdade internacionalmente aceite. Nem mesmo o venerável Times londrino, que em 1921 expôs os Protocolos como uma grosseira fraude, conseguiu pôr cobro às publicações do panfleto, que em breve se sucediam em dezenas de países.
Apresentando um cortejo de figuras históricas que incluem, entre muitos outros, o czar Nicolau II, Adolf Hitler e Henry Ford, Eisner retrata poderosamente a ascensão do pensamento anti-semita moderno à luz da disseminação dos próprios Protocolos. Escritos durante o auge do Caso Dreyfus, que dividiu profundamente a França na viragem do século, os Protocolos, como revela Eisner, foram rapidamente adoptados por numerosas organizações, partidos e religiões racistas, como os nazis, o Ku Klux Klan ou os fundamentalistas islâmicos. Contudo, apesar das denúncias periódicas da natureza fraudulenta do documento e das recentes revelações divulgadas pela imprensa francesa, os Protocolos continuam a ser publicados por todo o mundo árabe, asiático e europeu.
Infelizmente, Eisner faleceu antes de poder aferir se a sua obra gráfica teria o efeito correctivo que as anteriores denúncias e relatos não conseguiram ter. A sua esperança era que A Conspiração pudesse ajudar “a cravar mais um prego no caixão desta aterradora, vampírica fraude.”
Concluída no último mês de vida do autor, A Conspiração foi a primeira obra gráfica de temática histórica de Will Eisner.